terça-feira, junho 19, 2012

Trabalhar ‘de casa’ não é ponto facultativo



Vindo para o trabalho e curtindo o clima de Rio+20 no trânsito, me deparei ouvindo a BandNews e o comentário dos ouvintes sobre o caos na cidade na manhã desta terça-feira, dia de chegada dos Chefes de Estado e considerado o dia mais critico para a logística do evento.


De ‘bizu’ no vai e vem de carros e ônibus me lembrei de uma coluna que li recentemente no Valor Econômico escrita por Alberto Carlos Almeida (Olimpíada não é para Vira-lata, 15/06). Entre comparativos sobre os JO de Londres e eventos esportivos no Brasil, o colunista lembrou uma ação que os ingleses estão motivando entre seus profissionais: trabalhar de casa durante os 20 dias de JO com o objetivo maior de reduzir o trânsito de pessoas pela cidade e amenizar, dentro do possível, o tráfego de carros e a superlotação dos transportes públicos.

Agora, imagina isso aqui no Brasil? Indagava eu com a cabeça apoiada na janela do ônibus com os olhos perdidos entre tantas rodas. Do jeito que brasileiro é, bem que ia apoiar a ideia e pressionar o RH da firma para liberar os funcionários a trabalhar ‘de casa’.

Seria um dia mais ou menos assim: usando como base o horário de expediente das 9h às 18h, com 1h pro almoço.





9h: Despertador toca
Levanta, troca de roupa, faz as necessidades, liga a TV e o computador.
Prepara o café da manhã, come de frente pra TV enquanto o PC liga e deixa os e-mails baixarem.
Responde os e-mails, dá uma geral nos canais e para num programa sobre automóveis ou sobre culinária.
Liga o celular.

12h: levanta para o almoço torcendo pra ter algo na geladeira (isso se morar sozinho). Se tiver quem faça a comida... pausa para chegar na cozinha e ver o que está ficando pronto. Troca uma ideia, abre uma cerveja. Senta, almoça. Não lava a louça. Aproveita o tempo que sobra para dar a hora de almoço e deita no sofá pra ver o Jornal Hoje. Soneca. Baba. Ronco.
Acorda com o ronco assustado e percebe que já começou o Vídeo Show. Pensa: “Caraca, há anos não sei o que é ver isso. Ainda é aquela mulher de voz rouca quem apresenta?”



13h54: Volta pro PC, tira da tela de descanso. Dá uma geral nos e-mails. Fica puto porque chegou um documento e vai ter que abrir o word. “Saco”, pensa. Vai lá, faz o que tem que fazer. Dá mais uma geral nos programas da TV, para num filme da Sessão da Tarde que já viu umas 300 vezes, mas acha legal.
Quando dá umas 17h o celular resolve tocar. “Saco”, pensa. “Vou ter que atender. É a secretaria do chefe”. Pensa mais um pouco... “Ah, eu posso estar no banheiro. As pessoas vão ao banheiro tbm quando trabalham de casa. Não vou atender”.
Espera uns 20min, manda e-mail pra secretaria dizendo que viu a ligação dela e se tem algo que pode fazer. Pensa no mantra: “não, não, não”. Chega a resposta confirmando para o dia seguinte às 10horas reunião com o fornecedor na firma.
“É, acabou a mamata, amanhã é dia de enfrentar o trânsito e o trabalho de verdade”.

18h: Manda e-mail geral dizendo que o dia foi tranquilo, confirma presença na reunião. Diz que está tudo pronto e desliga a máquina.
Aproveitando que ainda está cedo... fica meio atônito sem saber direito o que fazer e pensa: “Negócio de trabalhar de casa, cansa”.



2 comentários:

  1. Eu trabalho de casa, Ale! E olha, que não é pouco. Tenho horários flexíveis, claro. Mas cumpro tudo que tenho que fazer.

    E adoro!

    bjos

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  2. exige muita disciplina. por vezes nos meus periodos de frila eu trabalho de casa. é preciso ter muita concentração. por sorte nao tenho filhos e tarefas familiares a cumprir. coisas que mesmo sem querer atrapalham as atividades de quem trabalha de casa.

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A contar que este é um blog que preza pelo bom senso e educação. Comentários são bem-vindos