quarta-feira, fevereiro 19, 2014

Quanto vale a sua bainha?

Na onda do $urreal, me lembrei de um diálogo que ocorreu recentemente envolvendo a estamparia.

Fomos pedir um orçamento para fazer a bainha (ou barra, como dizemos lá em Curitiba) de quatro bandeiras de cetim que mediam, cada uma, não mais do que 1 m2. A profissional da costura mandou sem titubear: "R$ 15 reais cada bandeira".

Assustados com o que consideramos ser um alto valor, nós recusamos o orçamento.

Ao saber que temos uma estamparia no mesmo bairro, a costureira nos narrou sua necessidade de estampar/sublimar algumas camisetas para as funcionarias dela usarem durante o trabalho.

Segue o diálogo:

Costureira: então, preciso saber quando você me cobra apenas para estampar a minha marca na frente das camisetas.
(ela nos daria a camiseta e a arte)
Nós: apenas estampar? Deixe-nos ver a sua marca.
(marca simples, uma única cor, sem detalhes)
Nós: R$ 3 reais por camiseta.
Costureira: Nossa! Só isso? Recentemente me cobraram R$ 10 reais para fazer o mesmo serviço.
Nós: entendo. Também tem gente que cobra R$ 15 reais por uma bainha.

Silencio no ar. Sorrisos constrangedores e troca de cartões.

Podemos até ter perdido a 'cliente', mas não poderíamos deixar passar. Acredito que para não perder a rédea da decência é preciso - em determinados momentos - situar as pessoas, o mercado e fazê-los entender a diferença entre valorizar o trabalho e explorar o cliente.

Ah! Só para saberem. Encontramos outra costureira que fez o mesmo serviço por R$ 2 reais cada bandeira e ficou simplesmente lindo!

terça-feira, fevereiro 11, 2014

Ódio no olhar e amargura no coração

Definitivamente motoristas de ônibus que circulam pela Zona Norte são profissionais com características distintas. O motorista da Zona Norte trata o passageiro com soberba, como se o passageiro não fosse um igual. Ele esquece que moramos no mesmo bairro, no mesmo subúrbio e levamos a mesma nada mole vida, retratada como um picadeiro pelas telenovelas e pelos programas de sábado a tarde. Ele esquece que estamos passando pelo mesmo descaso.

Contudo, tanta semelhança em nossas vidas, em vez deste fator nos aproximar, nos afasta. Tenho o sentimento de que o motorista da Zona Norte (boa parte deles, não vou generalizar) trata seus passageiros com ódio no olhar e amargura no coração. Passaria o blog aqui dando exemplos, mas vou me ater ao de hoje.

Nesta terça-feira pela manhã tive vontade de abordar o motorista da linha 952 que dirigia no sentido Penha e que pilotava o ônibus de número 39630. Queria me solidarizar. Dizer a ele que estamos no mesmo barco, que somos da mesma espécie. A espécie dos esquecidos pelo poder público.

Paguei $3 dilmas pela passagem e desse aumento o motorista não verá um centavo sequer. Mas que culpa eu tenho? Pelo contrário. Penso que ele deveria se solidarizar com o meu bolso e me tratar com respeito, com compaixão, pelo menos. Mas não.

O motorista da Zona Norte dirigiu em alta velocidade, freou bruscamente, não desviou de buracos, não informou aos passageiros da mudança de percurso e ainda prendeu o pé de um idoso na porta de desembarque.

Motorista da Zona Norte, por favor, não desconte em seus iguais uma fúria que não nos cabe. A conta de tanto descaso nós dois já estamos pagando e é bem mais do que $3 dilmas.



* por fim, fui abordá-lo sobre o ônibus não ter passado ao lado da estação do metrô de Vicente de Carvalho, onde eu faria a baldeação de todo santo o dia para ir ao trabalho.  Disse-me ele: “agora não passa mais lá por causa das obras, se quiser ir tem que descer lá na frente e pegar outro ônibus ou ir até a Penha neste aqui mesmo, que é circular, e descer no metrô na volta”.  Apenas respondi: “motorista, são 9h50 e entro 10h30 no trabalho. Não posso passear de ônibus. O senhor deveria ter alertado os passageiros sobre a mudança do trajeto lá atrás, nós não somos obrigados a saber. É injusto com os passageiros”. Ele silenciou-se e seguiu a viagem.


Só 0,30 centavos?

1.730 dilmas para fazer 5.000 mil ventarolas, ou 0,30 centavos/cada uma daquelas que: quando você não perde logo no primeiro minuto de folia, se desmancha antes mesmo de o bloco passar...

Passarei a cuidar com mais carinho das ventarolas que receber durante o Carnaval, pois custam caro.

0,30 centavos hoje em dia aqui no Rio de Janeiro custam uma vida.




quarta-feira, fevereiro 05, 2014

Fantasmas Sociais

O Facebook completou no dia 4 de fevereiro 10 anos de existência. Desde então, o site criado para avaliar a mulherada de uma faculdade tornou-se um molde para o comportamento de uma nova sociedade.

Pois bem. Faço quase tudo pelo feice (assim, carinhosamente chamado por mim). Principalmente manter minhas relações de amizade.

Através dele revi pessoas do passado, colegas de infância, de facul, de firma. Pessoas que fizeram parte da minha vida e que hoje não temos mais nenhuma ligação, a não ser a de termos nos conhecido no passado. O nosso elo é a naftalina.

Contudo, elas estão aqui na lista dos meus mais de 1000 amigos. A grande maioria não interage comigo. Às vezes, muito da raramente, curtem uma postagem. Noutras ficam de voyeur. É o como vejo as pessoas deste grupo. E elas devem me ver da mesma maneira. Acredito.

Meu feice para o grupo naftalina tornou-se uma boa agenda, repleta de rostos que, se um dia vir precisar falar com elas, estarão todos ali e com dados atualizados.

Mas há também outro grupo de pessoas. Aquele que adoraria não ter mais na minha rede virtual, mas que por uma obrigação social pulsam na Time Line. Não existe nenhuma afinidade intelectual, são raros os momentos de ‘curtição’, de interação. Pelo contrário, na maioria das vezes leio os posts e penso... “que sem noção”, “vergonha alheia”, “alguém desliga da tomada”...

Vamos pedir piedade, senhor piedade...

Para piorar, às vezes me vejo comentando, tentando manter um elo, buscando vida inteligente, algo que gere uma afinidade virtual. Só me arrependo e logo desisto. Mas antes me irrito profundamente.

A estas pessoas destinei um espaço especial. São agora o que chamo de ‘fantasmas sociais’. Eu os mantenho amigos no feice, ali para todos verem, mas bloqueio a aparição de suas postagens na minha TL.

Assim, busco manter uma vida virtual saudável e o mais próxima possível da minha vida real, que é bem saudável, por sinal!

segunda-feira, fevereiro 03, 2014

Verborragia em: 'ataque soviético'

Verborragia. Abro aqui espaço para o que ouço mundo a fora. Afinal, como dizem por aí... antes ouvir isso do que ser cego.

Metro do Rio, Linha 2, Sentido Botafogo, Segunda-feira, 10h.
Enfim, a pessoa sofre de verborragia. Só isso explica ela estar falando há 15 minutos sem parar para puxar o ar. O único intervalo é para um tal de 'ai', que ela usa como se fosse vírgula.
Não suficiente, solta:
"Fulano está trabalhando como segurança da FioCruz, negócio de cigarro..."
Só é interrompida por um comentário de sua amiga que manda na lata:
"A pessoa só dá esse ataque soviético quando falam com ele..."