terça-feira, fevereiro 11, 2014

Ódio no olhar e amargura no coração

Definitivamente motoristas de ônibus que circulam pela Zona Norte são profissionais com características distintas. O motorista da Zona Norte trata o passageiro com soberba, como se o passageiro não fosse um igual. Ele esquece que moramos no mesmo bairro, no mesmo subúrbio e levamos a mesma nada mole vida, retratada como um picadeiro pelas telenovelas e pelos programas de sábado a tarde. Ele esquece que estamos passando pelo mesmo descaso.

Contudo, tanta semelhança em nossas vidas, em vez deste fator nos aproximar, nos afasta. Tenho o sentimento de que o motorista da Zona Norte (boa parte deles, não vou generalizar) trata seus passageiros com ódio no olhar e amargura no coração. Passaria o blog aqui dando exemplos, mas vou me ater ao de hoje.

Nesta terça-feira pela manhã tive vontade de abordar o motorista da linha 952 que dirigia no sentido Penha e que pilotava o ônibus de número 39630. Queria me solidarizar. Dizer a ele que estamos no mesmo barco, que somos da mesma espécie. A espécie dos esquecidos pelo poder público.

Paguei $3 dilmas pela passagem e desse aumento o motorista não verá um centavo sequer. Mas que culpa eu tenho? Pelo contrário. Penso que ele deveria se solidarizar com o meu bolso e me tratar com respeito, com compaixão, pelo menos. Mas não.

O motorista da Zona Norte dirigiu em alta velocidade, freou bruscamente, não desviou de buracos, não informou aos passageiros da mudança de percurso e ainda prendeu o pé de um idoso na porta de desembarque.

Motorista da Zona Norte, por favor, não desconte em seus iguais uma fúria que não nos cabe. A conta de tanto descaso nós dois já estamos pagando e é bem mais do que $3 dilmas.



* por fim, fui abordá-lo sobre o ônibus não ter passado ao lado da estação do metrô de Vicente de Carvalho, onde eu faria a baldeação de todo santo o dia para ir ao trabalho.  Disse-me ele: “agora não passa mais lá por causa das obras, se quiser ir tem que descer lá na frente e pegar outro ônibus ou ir até a Penha neste aqui mesmo, que é circular, e descer no metrô na volta”.  Apenas respondi: “motorista, são 9h50 e entro 10h30 no trabalho. Não posso passear de ônibus. O senhor deveria ter alertado os passageiros sobre a mudança do trajeto lá atrás, nós não somos obrigados a saber. É injusto com os passageiros”. Ele silenciou-se e seguiu a viagem.


2 comentários:

  1. Sem palavras...é a generalização da estupidez humana!! Parece ate uma epidemia,não reconhecemo-nos como iguais.

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    1. Pois é Adriana, temos o mesmo sentimento. Uma epidemia para qual parece não haver remédio.

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