quarta-feira, setembro 28, 2016

Profissão: Supersincero

Uma excelente reflexão sobre o mercado de trabalho feita pelo amigo Fabricio Oliveira.


"SERÁ QUE VALE A PENA VOCÊ SER SINCERO QUANTO A SUA CARREIRA COM SEU CHEFE?
Quando eu comecei a estudar Administração eu tive o primeiro contato com este tema em forma de matéria. Um professor me explicou sobre a relação das metas corporativas e as metas pessoais de cada colaborador. Ter um funcionário em sua empresa extremamente engajado em alcançar os objetivos da organização, dedicando 100%, 120%, 130% de sua energia é um dos maiores desejos de todo empresário. Não sei se já aconteceu com você, mas existe “um certo” desconforto quanto a falar com seu chefe sobre aspirações profissionais, ou até pessoais, que não incluam os interesses da empresa. Você já se imaginou em uma conversa aberta e sincera com um superior seu, onde você deixa claro para ele a sua vontade de em um período de em dois a três anos abrir o seu negócio? E consequentemente deixar a empresa? Ou que seu sonho é morar fora do país e viver uma nova cultura? Ou talvez você adore cantar e deseja investir em sua carreira artística. Acho que se você não tiver uma relação mega íntima e transparente com ele, surgirá uma grande interrogação no rosto dele e com certeza ele vai te julgar como não comprometido, corpo mole, traíra e seja lá mais o que for.
A empresa que te contrata por 8 horas/dia, 40 horas/semanais, 22 dias/mês, acredita piamente que é dona das suas 24 horas/dia, 30 dias/mês e o seu futuro também. A ponto muitas vezes de te obrigar, sim eu disse obrigar, a vender parte de suas férias para que não se prejudique o resultado da empresa. Estranho isso não? Mas é real. Não me faltam exemplos de como os objetivos corporativos são sobrepostos aos objetivos pessoais, de cada colaborador. Qual o problema de um colaborador ter um conversa sadia com você e informar: - Gostaria muito de permanecer por três anos na empresa, juntar uma quantia x e depois deste período investir no meu sonho de ir morar na Inglaterra.
Isso não impede de em três anos esse colaborador dar o máximo de si e trazer excelentes resultados para sua empresa. Sonhar fora da caixa da empresa é visto como uma traição ou um crime de lesa pátria, um sacrilégio, o maior dos pecados, quase um crime hediondo. Será que teremos um tempo onde empresas se espelham em algumas organizações como Microsoft que incentiva o seu funcionário a dedicar 20% do tempo pago por ela mesma em projetos pessoais?
Com certeza, uma relação totalmente transparente entre empresa-funcionário, traria resultados positivos para ambas as partes. A empresa tem o que precisa do colaborador e o colaborador vice e versa, sem sentimentalismo, sem melindres."
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Me identifiquei totalmente, pois é exatamente o que venho questionando nos últimos dois anos. E tenho vivido isso na pele: a rejeição de empresas, clientes, jobs temporários (!!!), e até amigos deixam de me indicar para uma função por causa do meu estilo de vida.
Para conseguir um trabalho me vejo por vezes obrigada a mentir e fazer um discurso que agrade o contratante.
O fato de eu não querer fazer uma longa carreira em uma empresa não significa que sou incompetente, irresponsável e/ou não comprometida. Mas percebo a cada negativa de trabalho que não são estas as qualidades que buscam (competência, responsabilidade e  comprometimento).
Na verdade, buscam ser donos de mim, exatamente assim como o Fabrício escreveu... donos das minhas 24h, donos dos meus 30 dias, do meu futuro.
Isso é injusto demais.

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