domingo, agosto 14, 2011

Meu pai é uma mulher

O segundo domingo de agosto me diz muita coisa. Na escola, quem ia às festinhas era a Dona Maria. Isso até eu virar adolescente e proibir ela de me pagar este mico. Não tinha nada mais chato do que os coleguinhas olharem com aquela cara de ‘é sempre a mãe dela quem vem’. Ah, que falta faz a maturidade para mandar um olhar de ‘caguei’ para todos eles.

Na verdade, nem me incomodava tanto o fato da minha mãe estar lá. O que pegava mesmo era ‘porque meu pai nunca vem?’.

Ouvimos histórias de mulheres que não tem o dom da maternidade. São crucificadas pela sociedade porque não querem ser mãe. É um peso que apenas as mulheres carregam. Ou vai me dizer que já presenciou um homem ser foco de críticas e olhares de reprovação porque ele não leva jeito com crianças?

Mesmo com sua constante ausência, as histórias que envolvem Seo Inaldo sobreviveram ao tempo.

Contam que quando cheguei ao mundo dos Souza Costa, a regra imposta foi: ela não pode chorar. Até hoje Dona Maria e minhas irmãs justificam tal necessidade. Tanto esforço delas para negar o que se fez explícito nos anos seguintes ao atual.

Curioso é que a escolha do meu nome também foi uma imposição dele. Alethea, que significa a condição de estar evidente.

Ah Seo Inaldo... não dá para fazer de conta que eu não existo.

Feliz Dia dos Pais.


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